Olá minhas pelúcias! Post novo para uma leitura de dar água na boca para o fim de semana!
Não estou conseguindo mandar posts diários sobre todos os milhares de assuntos que Paris tem para contar pra vocês, mas pouco a pouco vou contando aquela rotina diferente de uma estudante de Paris, ok?
Pois então: queijos e vinhos. Tem coisa mais francesa?
Pessoal, é absurda a variedade de tipos e sabores dos queijos aqui na França. Nem adianta tentar imaginar, é algo realmente imenso. Segundo um provérbio francês "
Un fromage par jour de l'année", que significa "Um queijo por dia do ano", ou cada coisa no seu tempo, a França produzia 300 a 400 tipos de queijos tradicionalmente. Mas esse número não para, minha gente! É impressionante como cada dia que entro em uma
fromagerie nova, vejo um novo tipo desse querido e amado alimento francês e fico louquinha pra comprar. Hoje temos aqui uma variedade que gira em torno de mil tipos de queijos. Não se sabe ao certo, pois a fabricação desses derivados de leite aqui é bem livre e longe de regulamentações alimentares mais restritas como nos EUA, o queijo corre solto.
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Fromagerie em Montmartre |
A fabricação desses derivados de leite pode ser artesanal, até do fundo de quintal, ou ainda industrializada, como faz a famosa produtora de derivados de leite, a marca "
Président". Esse, entre outros motivos menos óbvios torna a França o país de maior exportação de queijos no mundo. Aqui consumimos uma média de 24 Kg de queijo por ano, por pessoa, o que nos deixa atrás somente dos consumidores gregos, que batem o recorde de consumo com 27,3 Kg. Pois é, e o Brasil não chega muito atrás não: somos o sétimo país de maior produção de queijos no mundo.
Sobre a produção? Vamos lá, que o
Le Printemps também é cultura! A produção do queijo é feita a partir de um processo simples e cuja duração varia de acordo com o tipo de queijo. Coisa simples pra vocês não me baterem, embora seja super interessante o processo: coagulação, onde é adicionada uma substância acidificante ao leite, o que separará o soro da fase sólida do mesmo. É aqui que são adicionadas as leveduras, para quem já ouviu falar. Segunda parte: processamento (que varia também de acordo com o tipo de queijo), onde o resultado da coagulação, ou seja, o coalho, vai ser tratado para dar o sabor, textura e suavidade do queijo. Aqui adiciona-se também o sal e todos os elementos que farão parte do queijo final. Terceira e última etapa: amadurecimento. É aqui que os queijos ganham sabor mais intensificado e ganham seus bolorzinhos. Fácil e indolor não é? Pois é, e aqui na França há o adicional de que pode-se fabricar queijos com leite cru, ou seja, não pasteurizado. Mas como??? A pasteurização do leite garante isenção quase total de bactérias e outros microorganismos que possam estar por ali, no leite cru. O problema é que pasteurizar o leite muda algumas de suas características e como todo bom francês é bem detalhista, mudar uma característica no seu
fromage tradicional e com receita herdada não rola. Por isso aqui é permitido produzir queijos com leite cru mesmo. Arriscado, mas pra quem come sashimi, o queijo é fichinha.
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Prato de queijos, comum após as refeições, com um queijo de cabra, camembert e livarot (laranja) |
Bom, agora que já falamos bastante sobre todo o background do nosso todo poderoso de hoje, hora de falar das compras! Adoro essa parte. Comprar queijos aqui na França pode ser confuso. Muita opção, variedade de preço, locais de venda... Qual escolher? Simples. Foque inicialmente no sabor que você prefere: suave, médio ou forte. Para queijos suaves, os que vem com a casquinha branca como o camembert, o brie, o carré bridel, são os recomendados. Textura cremosa por dentro com capinha mais dura. Maravilhosos e vão super bem com vinhos tintos mais leves e frutados, ou ainda um Merlot.
Sabor médio, vá direto nos queijos emmental, gruyère, gouda, alguns de cabra (como o mi chèvre)... Harmonizam muito bem com vinhos menos suaves e mais tânicos como o Shiraz, tintos da região de Rhône ou ainda um Carménère.
Sabor forte, aí temos uma gama bem grande também:
fromages bleues, ou queijos azuis seguindo a tradução literal, que faz referência aos queijos roquefort e gorgonzola por causa da sua cor; queijos feitos com leite de cabra - aqui ditos como de
chèvre , leite de ovelha - ou de
brebis, etc. Estes últimos vão muito bem com vinhos mais fortes, tais como os carbenet sauvignons de Bordeaux ou ainda um vinho branco
sucré, ou branco doce, tradicional da região de Sauternes principalmente.
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Queijo brie Président |
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Queijo Gruyère |
Tente procurar opções de queijo em feiras de legumes, em
fromageries e evite os mercados. Nesses lugares, os produtores são os próprios donos da
fromagerie e por isso mesmo você pode enocntrar uma variedade de queijos bem maior do que a simples que citei aqui. Mercado funciona para o viajante sem tempo, claro! Mas nada como experimentar um queijo de uma barraquinha de feira bem estranho. Chega a ser surpreendente como conseguimos obter um paladar totalmente inédito com um pedacinho tão pequeno de queijo.
Se tiverem dúvidas, me perguntem! Claro que não provei nem a metade de toda a infinidade de opções que existe aqui, mas uma boa parte já, então talvez possa ajudar na escolha.
Enjoy!